quinta-feira, 4 de abril de 2013

A matrix da musculação

Estão lembrados do texto Anabolizantes: a diferença é monstruosa ?

Sobre esse tema, trouxe um comentário do usuário Punisher, muito pertinente.

Na verdade existe uma grande matrix por trás de tudo que se fala e vende hoje sobre o tema musculação e fitness.

Antes de sequer existir indústria de suplementos, caras como Arnold e Mike Mentzer tinham físicos excelentes, sem whey, sem nem mesmo albumina, mas claro, fazendo uso de esteróides, aqueles que todos conhecem: testosterona, deca, dianabol, primobolam e etc.


No começo da década de 80, os investidores perceberam que esse filão poderia render, e começaram a surgir os primeiros suplementos.


Nessa mesma época convenientemente surgiram "pesquisas" dizendo que os praticantes de musculação deveriam se alimentar a cada 3 horas, ou até mesmo a cada 2 horas. Logicamente, quem trabalha e estuda não tem tempo de ficar comendo frequentemente, ou tem que ficar preparando um monte de comida e ficar carregando pra cima e pra baixo, enfim, tem que passar boa parte do tempo preocupado e ocupado com isso.

Aí é que entram os suplementos. Praticidade. Acontece que os interessados usaram a velha tática de criar um problema pra vender a solução. Suplementos não são imprescindíveis, ninguém deixa de obter ganhos musculares se não usar whey ou aminoácidos ou outra coisa qualquer.

Lembro de um treinador das antigas que me falou o seguinte: "essas academias de hoje passam um monte de exercícios e séries, um monte de isoladores, acabam queimando o cara ("queimar" era o termo para se referir ao overtraining), e depois vem vender produtos". Demorei um bom tempo, mas percebi que é verdade.

Tudo hoje se baseia nisso: criar demanda para os suplementos, usando atletas para vender resultados conseguidos com MUITOS esteróides, GH e insulina. Vocês não fazem ideia de quanta droga os atletas que vivem disso usam.



As revistas, e toda a mídia especializada no assunto, "prescrevem" treinos excessivos, volumosos, e principalmente muito intensos. As academias fazem o mesmo. Aí temos moleques que nem sequer se alimentam ou dormem direito se matando com repetições forçadas, drop-sets, séries duplas ou triplas, rest pauses, quatro ou até cinco exercícios para grupos musculares grandes e três ou quatro para músculos pequenos, além de um monte de merdas que nem os fisiculturistas profissionais fazem.

Dizem que Dorian Yates treinava de forma tão intensa que poucos conseguiam acompanhá-lo. Assistam o famoso vídeo dele "Blood and Guts" e vejam se ele faz sequer UMA repetição forçada, drop-set ou rest-pause. Assistam treinos do Branch Warren ou do Coleman e vejam se usam algumas dessas técnicas. Até mesmo o Arnold. Assistam Pumping Iron e notem que ele não faz nada disso. Ele pega o peso, faz até onde aguenta e pronto. E isso que ele mesmo escreveu sobre essas técnicas de intensidade em sua famosa enciclopédia.

O próprio Dorian falou em uma palestra certa vez (pena que não tenho o link) que quem está "off drugs" deve treinar no máximo 4 vezes por semana, e se dedicar principalmente aos exercícios básicos, como agachamento, supino, levantamento terra, remada com barra, desenvolvimento de ombros com barra e etc.

Isso em falar no tema periodização, que ninguém entende porra nenhuma. A maioria acha que periodização se refere às fases de cutting e bulk. Pode ser verdade para fisiculturistas, entupidos de drogas, mas para o cara comum, que frequenta academia para ter um corpo legal, não é nada disso. Esses caras normais, que não usam toneladas de esteróides, GH e insulina (a esmagadora maioria de nós), não suporta treinos desgastantes indefinidamente. É preciso um período de "descanso ativo", com menos esforço e intensidade. Aliás, qualquer atleta faz isso.

Vocês acham que Michael Felps, por exemplo, treina forte seis horas por dia, 365 dias por ano? Claro que não. Ele programa as estratégias de preparação de acordo com o calendário de competições, assim como qualquer atleta, pois ninguém é o exterminador do futuro, nem tem esqueleto de adamantium mais fator de cura para aguentar treinos puxados indefinidamente.

A cultura do "no pain no gain" tem levado muita gente a um estado próximo do overtraining, causando queda de rendimento, insônia, diminuição do apetite e até da libido, por conta do excesso de cortisol e baixa da testosterona, causado por uma condição de constante e excessivo estresse. Quem mais sofre com isso são aqueles com biotipo ectomorfo.

E a quem isso interessa? Adivinhem. O cidadão lá cansado, estafado, depois de assistir um monte de vídeos motivacionais de musculação, fica se achando um bosta, pensa que a culpa é dele. Aí ele vê uma propaganda do "megaultra NO extreme pumping pica das galáxias xplode", com a promessa de muita disposição, força e "pumps incríveis". Lixo. Nada mais que isso. Mas ele acha que precisa dessas merdas e compra. Mal sabe ele que se treinasse de forma racional, na medida necessária para estimular o fortalecimento e o crescimento muscular, ao invés de se destruir todos os dias, não torraria um monte de grana com essas porcarias.

Enfim, tem muito mais coisa pra escrever, mas por enquanto chega.

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