Saudações Guerreiros! Recentemente voltei a ler um livro interessante sobre DESENVOLVIMENTO PESSOAL. Trata-se de “Outliers” de Malcom Gladwell. O livro apresenta uma tese curiosa e quero compartilha-la com vcs na expectativa de gerar um bom debate. Obs: devido o fato dos capítulos do livro dialogarem constantemente, fiz uma adaptação do texto para facilitar a compreensão. Quem quiser se aprofundar no tema vale a pena à leitura do livro.
Será que 10 mil horas (dedicação, treino, estudo) são a regra geral para o sucesso? Se investigarmos o que há por trás do êxito de todo grande realizador, encontraremos sempre alguma oportunidade especial?(no primeiro capitulo do livro, Gladwell revela que não basta somente ter aptidão, preparo e anos de experiência; é necessário também ter uma oportunidade).
Testemos a ideia com um exemplo bem conhecido: os Beatles .
Os Beatles chegaram aos Estados Unidos em fevereiro de 1964, dando inicio à chamada “invasão britânica” no cenário musical americano e levando às paradas de sucesso uma série de discos que transformaram o perfil da música popular. O fato interessante sobre os Beatles, para o nosso propósito, é saber há quanto tempo eles já estavam juntos na época em que chegaram aos Estados Unidos. Lennon e McCartney começaram a tocar em 1957, sete anos antes de pisarem em solo americano. (Aliás, o tempo decorrido entre a formação da banda e suas maiores realizações artísticas - comprovadamente Sgt.pepper`s Lonely Heart`s Club Band e o álbum Branco - foram 10 anos.)
Em 1960, quando ainda eram um banda de rock do ensino fundamental, os Beatles foram convidados para tocar em Hamburgo, Alemanha.
“Naquela época, não existiam casa noturnas de rock and roll em Hamburgo, somente boates de strip-tease.”, conta Philip Norman, autor de Shout, a biografia dos Beatles. Um ex-apresentador de parque de diversões, chamado Bruno era proprietário de uma boate. Ele teve a ideia de levar grupos de rock para tocar em diversas casas de shows. A formula era a seguinte: um espetáculo ininterrupto ao longo de horas, com um monte de pessoas entrando e outras saindo. E as bandas tocando sem parar, a fim de atrair quem passava. Num bairro boêmio dos estados Unidos, aquilo seria chamado de nonstop strip-tease. E OS BEATLES ACABARAM EM CONTATO NÃO APENAS COM BRUNO, MAS COM OUTROS PROPRIETÁRIOS DE BOATES. E voltaram várias vezes àquela cidade alemã, onde encontravam sempre muito álcool e sexo.”
E o que havia de tão especial em Hamburgo? Não era o dinheiro, pagava-se mal ali. Nem uma acústica fantástica. Nem um público que conhecia e apreciava música. ERA SIMPLESMENTE A QUANTIDADE DE TEMPO QUE A BANDA ERA FORÇADA A TOCAR.
Vejamos o que John Lennon disse numa entrevista após a separação do Beatles sobre as apresentações da banda em Hamburgo numa boate de strip-tease chama Indra:
“MELHORAMOS E FICAMOS MAIS CONFIANTES. Isso foi inevitável com aquela experiência de tocar durante toda a noite. Ter uma plateia estrangeira ajudou também. Precisávamos nos esforçar ao máximo, colocar nosso coração e nossa alma naquilo para conseguirmos chegar ao fim.
Em liverpool, só fazíamos sessões de uma hora e costumávamos apresentar nossos melhores números, sempre os mesmos, em cada show. Em Hamburgo , como tocávamos durante oitos horas, precisávamos realmente descobrir uma forma nova de fazer aquilo.”
OITO HORAS?
Agora vamos ver o depoimento de Pete Best, o baterista dos Beatles na época:
Depois que correu a notícia de que estávamos nos apresentando, a boate começou a atrair mais gente. TOCAVAMOS SETE NOITES POR SEMANA. No inicio, tocávamos quase sem parar até meia-noite e meia, quando a casa fechava as portas. Mas, à medida que fomos melhorando, as pessoas começaram a ficar até as duas da madrugada na maioria das vezes.
SETE DIAS POR SEMANA?
Os Beatles acabaram viajando para Hamburgo cinco vezes entre 1960 e o final de 1962. Na primeira viagem tocaram 106 noites, cinco ou mais horas em cada uma delas. Na segunda, fizeram 92 shows. Na terceira, se apresentaram 48 vezes, totalizando 172 horas no palco. Os últimos espetáculos em Hamburgo, em novembro e dezembro de 1962, envolveram mais de 90 horas de exibição. No total, eles tocaram 270 noites em apenas um ano e meio. NA ÉPOCA EM QUE COMEÇARAM A ESTOURAM EM 1964, JÁ HAVIAM SE APRESENTADO AO VIVO DE 1.200 VEZES. Você tem ideia de quanto isso é extraordinário? A maioria das bandas atuais não toca 1.200 vezes nem durante toda a carreira. A prova de Hamburgo foi o que fez com que os Beatles se destacassem dos demais grupos de rock.
“Em Hamburgo, eles não aprenderam apenas a ter resistência- tiveram que apreender também uma quantidade imensa de números: versões cover de tudo o que possa imaginar, não apenas rock and roll, mas até um pouco de jazz. Eles não eram disciplinados no palco antes daquilo. No entanto, estavam tocando de um modo incomparável quando voltaram. Hamburgo foi à formação deles”, explica Norman.
“Em um estudo após o outro, de compositores, jogadores de basquete, escritores de ficção, esquiadores, pianistas, jogadores de xadrez, mestres do crime, seja o que for esse numero sempre ressurge. Dez mil horas equivalem a cerca de três horas por dia ou 20 horas por semana, de treinamento durante 10 anos. É claro que isso não explica por que alguns indivíduos se beneficiam de suas sessões de preparação mais do que outros. Mas ninguém encontrou ainda um caso em que excelência de nível internacional tenha sido alcançada em um prazo menor. PARECE QUE O CÉREBRO PRECISA DESSE TEMPO PARA ASSIMILAR TUDO O QUE É NECESSÁRIO PARA ATINGIR A VERDADEIRA DESTREZA.”
Isso se aplica até as pessoas que consideramos prodígios. Mozart, por exemplo. É famoso por ter começado a compor aos seis anos. No entanto veja o que escreve o psicólogo Michael Howe em Genius Explained (desvendando o gênio):
“Pelos padrões de compositores experientes, as obras iniciais de Mozart não são excepcionais. As primeiras peças foram todas provavelmente escritas pelo pai, e talvez aperfeiçoadas no processo. Muitas das composições de infância de Mozart, como os primeiros sete concertos para piano e orquestra, são em grande parte arranjos para obras de outros músicos. Dos concertos que só contêm música original de Mozart, o mais antigo agora considerando uma obra-prima( nº 9, k.271) só foi criado quando ele tinha 21 anos. Aquela altura, Mozart vinha compondo concertos havia 10 anos.
Outro aspecto interessante dessas 10 mil horas é que se trata de uma quantidade de tempo enorme. Para um adulto jovem, é quase impossível alcançar essa marca por conta própria. Ele precisa de pais que o incentivem e apoiem. Não pode ser pobre, porque, se tiver que trabalhar meio período para ajudar no orçamento, não lhe sobrará tempo suficiente para praticar (a pratica não é aquilo que pessoa faz quando se torna boa em algo, mas aquilo que ela faz para se tornar boa em algo). Na verdade, a maioria das pessoas só consegue atingir esse número ingressando em um programa especial - ou obtendo algum tipo de oportunidade extraordinária que lhes de a chance de cumprir todas essas horas.
Será que 10 mil horas (dedicação, treino, estudo) são a regra geral para o sucesso? Se investigarmos o que há por trás do êxito de todo grande realizador, encontraremos sempre alguma oportunidade especial?(no primeiro capitulo do livro, Gladwell revela que não basta somente ter aptidão, preparo e anos de experiência; é necessário também ter uma oportunidade).
Testemos a ideia com um exemplo bem conhecido: os Beatles .
Os Beatles chegaram aos Estados Unidos em fevereiro de 1964, dando inicio à chamada “invasão britânica” no cenário musical americano e levando às paradas de sucesso uma série de discos que transformaram o perfil da música popular. O fato interessante sobre os Beatles, para o nosso propósito, é saber há quanto tempo eles já estavam juntos na época em que chegaram aos Estados Unidos. Lennon e McCartney começaram a tocar em 1957, sete anos antes de pisarem em solo americano. (Aliás, o tempo decorrido entre a formação da banda e suas maiores realizações artísticas - comprovadamente Sgt.pepper`s Lonely Heart`s Club Band e o álbum Branco - foram 10 anos.)
Em 1960, quando ainda eram um banda de rock do ensino fundamental, os Beatles foram convidados para tocar em Hamburgo, Alemanha.
“Naquela época, não existiam casa noturnas de rock and roll em Hamburgo, somente boates de strip-tease.”, conta Philip Norman, autor de Shout, a biografia dos Beatles. Um ex-apresentador de parque de diversões, chamado Bruno era proprietário de uma boate. Ele teve a ideia de levar grupos de rock para tocar em diversas casas de shows. A formula era a seguinte: um espetáculo ininterrupto ao longo de horas, com um monte de pessoas entrando e outras saindo. E as bandas tocando sem parar, a fim de atrair quem passava. Num bairro boêmio dos estados Unidos, aquilo seria chamado de nonstop strip-tease. E OS BEATLES ACABARAM EM CONTATO NÃO APENAS COM BRUNO, MAS COM OUTROS PROPRIETÁRIOS DE BOATES. E voltaram várias vezes àquela cidade alemã, onde encontravam sempre muito álcool e sexo.”
E o que havia de tão especial em Hamburgo? Não era o dinheiro, pagava-se mal ali. Nem uma acústica fantástica. Nem um público que conhecia e apreciava música. ERA SIMPLESMENTE A QUANTIDADE DE TEMPO QUE A BANDA ERA FORÇADA A TOCAR.
Vejamos o que John Lennon disse numa entrevista após a separação do Beatles sobre as apresentações da banda em Hamburgo numa boate de strip-tease chama Indra:
“MELHORAMOS E FICAMOS MAIS CONFIANTES. Isso foi inevitável com aquela experiência de tocar durante toda a noite. Ter uma plateia estrangeira ajudou também. Precisávamos nos esforçar ao máximo, colocar nosso coração e nossa alma naquilo para conseguirmos chegar ao fim.
Em liverpool, só fazíamos sessões de uma hora e costumávamos apresentar nossos melhores números, sempre os mesmos, em cada show. Em Hamburgo , como tocávamos durante oitos horas, precisávamos realmente descobrir uma forma nova de fazer aquilo.”
OITO HORAS?
Agora vamos ver o depoimento de Pete Best, o baterista dos Beatles na época:
Depois que correu a notícia de que estávamos nos apresentando, a boate começou a atrair mais gente. TOCAVAMOS SETE NOITES POR SEMANA. No inicio, tocávamos quase sem parar até meia-noite e meia, quando a casa fechava as portas. Mas, à medida que fomos melhorando, as pessoas começaram a ficar até as duas da madrugada na maioria das vezes.
SETE DIAS POR SEMANA?
Os Beatles acabaram viajando para Hamburgo cinco vezes entre 1960 e o final de 1962. Na primeira viagem tocaram 106 noites, cinco ou mais horas em cada uma delas. Na segunda, fizeram 92 shows. Na terceira, se apresentaram 48 vezes, totalizando 172 horas no palco. Os últimos espetáculos em Hamburgo, em novembro e dezembro de 1962, envolveram mais de 90 horas de exibição. No total, eles tocaram 270 noites em apenas um ano e meio. NA ÉPOCA EM QUE COMEÇARAM A ESTOURAM EM 1964, JÁ HAVIAM SE APRESENTADO AO VIVO DE 1.200 VEZES. Você tem ideia de quanto isso é extraordinário? A maioria das bandas atuais não toca 1.200 vezes nem durante toda a carreira. A prova de Hamburgo foi o que fez com que os Beatles se destacassem dos demais grupos de rock.
“Em Hamburgo, eles não aprenderam apenas a ter resistência- tiveram que apreender também uma quantidade imensa de números: versões cover de tudo o que possa imaginar, não apenas rock and roll, mas até um pouco de jazz. Eles não eram disciplinados no palco antes daquilo. No entanto, estavam tocando de um modo incomparável quando voltaram. Hamburgo foi à formação deles”, explica Norman.
“Em um estudo após o outro, de compositores, jogadores de basquete, escritores de ficção, esquiadores, pianistas, jogadores de xadrez, mestres do crime, seja o que for esse numero sempre ressurge. Dez mil horas equivalem a cerca de três horas por dia ou 20 horas por semana, de treinamento durante 10 anos. É claro que isso não explica por que alguns indivíduos se beneficiam de suas sessões de preparação mais do que outros. Mas ninguém encontrou ainda um caso em que excelência de nível internacional tenha sido alcançada em um prazo menor. PARECE QUE O CÉREBRO PRECISA DESSE TEMPO PARA ASSIMILAR TUDO O QUE É NECESSÁRIO PARA ATINGIR A VERDADEIRA DESTREZA.”
Isso se aplica até as pessoas que consideramos prodígios. Mozart, por exemplo. É famoso por ter começado a compor aos seis anos. No entanto veja o que escreve o psicólogo Michael Howe em Genius Explained (desvendando o gênio):
“Pelos padrões de compositores experientes, as obras iniciais de Mozart não são excepcionais. As primeiras peças foram todas provavelmente escritas pelo pai, e talvez aperfeiçoadas no processo. Muitas das composições de infância de Mozart, como os primeiros sete concertos para piano e orquestra, são em grande parte arranjos para obras de outros músicos. Dos concertos que só contêm música original de Mozart, o mais antigo agora considerando uma obra-prima( nº 9, k.271) só foi criado quando ele tinha 21 anos. Aquela altura, Mozart vinha compondo concertos havia 10 anos.
Outro aspecto interessante dessas 10 mil horas é que se trata de uma quantidade de tempo enorme. Para um adulto jovem, é quase impossível alcançar essa marca por conta própria. Ele precisa de pais que o incentivem e apoiem. Não pode ser pobre, porque, se tiver que trabalhar meio período para ajudar no orçamento, não lhe sobrará tempo suficiente para praticar (a pratica não é aquilo que pessoa faz quando se torna boa em algo, mas aquilo que ela faz para se tornar boa em algo). Na verdade, a maioria das pessoas só consegue atingir esse número ingressando em um programa especial - ou obtendo algum tipo de oportunidade extraordinária que lhes de a chance de cumprir todas essas horas.
Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, paraatravessar o rio da vida.
Ninguém, exceto tu, só tu.
Ninguém, exceto tu, só tu.
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