Como muitos outros, este livro nasceu da curiosidade. Muito tempo atrás, ao ler Simone de Beauvoir, fiquei impressionado quando ela disse que o mundo sempre pertencera aos homens, mas ninguém sabia explicar por quê. Achei que eu poderia; eu, um historiador do sexo masculino, resolveria o enigma proposto por ela, uma mulher de letras.
Como nasci em 1946, atingi a maturidade num mundo construído em torno do mito da opressão das mulheres. Segundo essa mitologia, era uma vez uma era dourada em que as pessoas viviam em famílias ampliadas. Homens e mulheres adoravam deusas da fertilidade e da vegetação, alegremente alheios à paternidade. As mulheres governavam, e os homens viviam contentes sob – ou com, de qualquer forma – esse governo. Mais tarde, no entanto, o Jardim do Eden foi destruído. O controle benevolente das mulheres chegou ao fim e foi substituído pelo domínio perverso dos homens. À derrota das mulheres seguiram-se o materialismo, a competição, a hierarquia, a guerra e um sem-número de coisas ruins, da banalização do sexo ao estupro, do consumo de carne à destruição do meio ambiente. Por milênios a fio, as mulheres sofreram sob o patriarcado. Então a represa cedeu e a torrente extravasou. O movimento feminista surgiu em toda a sua glória, e o mundo foi transformado para sempre. Vive La revolution!
Se essa história é verdadeira, precisamente quando, onde e porque o matriarcado foi deposto? Como teve início a opressão das mulheres e como ela cresceu e se desenvolveu? Como os homens, que são 50% da humanidade, conseguiram impor sua vontade sobre os outros 50% e continuar a fazê-lo em todas as épocas e lugares que conhecemos? Pesquisando a literatura existente, logo descobri que não havia respostas. Quase todos os autores dão a opressão das mulheres como certa e se contentam em explicar os detalhes, empilhando exemplos terríveis e competindo entre si para mostrar como o patriarcado está disseminado. Apenas alguns questionam quando e onde ele nasceu; e, o que é ainda mais notável, como ele conseguiu se perpetuar dos primórdios até os nossos dias.
Entre os que o fizeram, destacam-se dois pensadores do século XIX, John Stuart Mill e Frederick Engels. Para Mill, a “submissão” das mulheres foi o resultado de sua “inferioridade no quesito força muscular”, que se traduziu em costumes e leis que as discriminam. Para Engels, ela resultou da invenção da agricultura e da propriedade privada, que tiraram as mulheres do trabalho produtivo, confinaram-nas em casa e levaram à monogamia, de modo que elas pudessem gerar herdeiros legítimos. Nenhum dos dois filósofos conseguiu de fato provar sua teoria, e Mill nen sequer chegou a empreender um esforço sério nesse sentido. Até o presente, a despeito das tentativas de estabelecer uma ligação entre essa mudança e a chamada “revolução do mesolítico”, ninguém foi capaz de explicar como o matriarcado, na suposição de que ele tenha existido, foi deposto e como o patriarcado se estabeleceu; muito menos testemunhou o acontecimento.
Patriarcado cruel, me obriga a tirar a roupa em público para ganhar míseros milhões!
E mais, essas respostas fogem à verdadeira questão. No passado, costumava-se postular a inferioridade mental e intelectual das mulheres em relação aos homens, dizendo-se que elas eram menos racionais, menos equilibradas, mais emocionais e mais dependentes. Vários desses postulados foram invalidados por trabalhos recentes; pesquisas em laboratórios com grupos de homens e mulheres cuidadosamente escolhidos mostram que, ou dizem mostrar, que há pouco fundamento para eles. Alguns autores chegam a classificar a “fragilidade” das mulheres como um “mito”, afirmando que, se os homens lhes tivessem permitido o treinamento adequado, os membros do sexo feminino teriam desenvolvido músculos e força equivalente aos deles. Além de não responderem à questão levantada por Beauvoir, essas explicações a tornam ainda mais desconcertante. Se é verdade que as mulheres são física, espiritual, emocional e intelectualmente iguais aos homens, como esses puderam oprimi-las por tanto tempo? Ou talvez se possa concluir, na suposição de que as mulheres vivem oprimidas, que elas não são iguais?
Começando por Karen Horney, nos anos 1920, alguns tentaram o impossível ao comparar a posição das mulheres com a de uma minoria subalterna que, mesmo discriminada, anseia pelos benefícios desfrutados por seu opressor. Ainda que se ignore o fato de que as mulheres formam a única minoria majoritária, a analogia é equivocada por duas razões. Primeiro, sabe-se muito bem que os integrantes de uma minoria costumam sobrepujar a maioria, como no caso dos judeus alemães, que tinham muito mais representantes nas áreas de medicina, do direito, dos bancos e da cultura. Portanto, a discriminação, em si, supondo que ela exista, não explica o pequeno número de membros de uma minoria nos altos círculos do poder, do dinheiro e da fama; a menos, é claro, que se admita que os alemães discriminavam a si mesmos! Segundo, a relação entre os sexos é, em grande medida, governada pela lei da oferta e da procura. Ora, não há nenhuma dúvida de que os homens desejam as mulheres e não podem viver sem elas. Portanto, se as mulheres fossem uma minoria, seu status deveria ser alto e não baixo; ao ponto de cada uma poder desposar – e dominar – vários homens!
Se o sexo feminino é oprimido e se a rebelião contra o patriarcado é a resposta, então por que tantas mulheres condescendem com as “ilusões do pós-feminismo” e tão poucas atendem ao chamado às armas feito pelas feministas? Por que apenas uma entre três mulheres norte-americanas se auto-intitula feminista e muitas são hostis à idéia? Por que, de Florence Nightingale a Simone de Beauvoir, várias mulheres famosas disseram que nunca sentiram as desvantagens supostamente associadas ao seu sexo? Por que as pesquisas realizadas com mulheres das mais diferentes nacionalidades mostram que a maioria acha que não é discriminada? Por que apenas 20% das mulheres européias que não têm filhos – e somente 10% das que têm – acham que é melhor ter uma carreira? E, acima de tudo, talvez tendo em vista a dimensão da rebelião feminista, por que essa não leva a lugar algum e por que não se vê uma admirável sociedade nova?
Na verdade, a ampla maioria das feministas modernas considera que o feminismo .não atingiu seus objetivos (isso é uma piada!). Algumas ativistas se referem a ele como uma “gaiola dourada” e se perguntam por que tantas mulheres e seu movimento tomaram caminhos distintos. Outras se queixam de sua “morte”. Mesmo nos países mais avançados do Ocidente, o máximo que se pode dizer é que a igualdade de oportunidade entre os sexos foi formalmente estabelecida e que a maior parte dos obstáculos legais à participação das mulheres nas questões públicas foi removida. Mas mesmo nesses países, tão logo uma instituição, uma profissão ou um campo são invadidos pelas mulheres, pessoas de ambos os sexos começam a considerá-la menos prestigiosa e sua remuneração começa a cair. Nem a opressão nem a discriminação explicam esses fatos; aparentemente, outros mecanismos estão envolvidos.
Depois de meses de trabalho, eram tantas perguntas e contradições que meu equilíbrio mental começou a ficar seriamente afetado; nesse ponto, minha mulher me aconselhou a fazer uma caminhada. Mal chegara à rua quando percebi que estivera fazendo as perguntas erradas; que todos os problemas desapareceriam se eu estivesse pronto a admitir que minhas pressuposições estavam erradas. A hipótese de as mulheres não serem oprimidas explicaria por que nunca se produzira uma explicação convincente das origens e da perpetuação da sua opressão. A hipótese de as mulheres serem, na verdade, o sexo privilegiado explicaria por que a maioria parece estar mais ou menos satisfeita com sua condição; e por que mais mulheres passaram a não abandonar os cosméticos, a queimar os sutiãs, a vestir macacões e a engajar-se em trabalhos masculinos, como recolher lixo. Essa reviravolta explicaria, acima de tudo, por que a vasta maioria das mulheres, em vez de combater seus opressores, continua a fazer o que pode para aproximar-se deles; para atrai-los, casar, fazer amor (não necessariamente nessa ordem) e ter filhos com eles.
Certamente, a proposição de que as mulheres estão satisfeitas com seus privilégios é mais convincente do que a alegação de que gerações delas foram enganadas quanto à verdade, à moralidade e até aos próprios interesses; essa é provavelmente a maior calúnia que alguém – homem ou mulher – já dirigiu ao sexo feminino.
Falar sobre o “sexo privilegiado” não significa negar que a natureza, ao dar às mulheres um corpo menos robusto e mais fraco, além de obrigá-las a carregar o fardo da menstruação, da gravidez, do parto e da amamentação, algumas vezes tornou seu caminho mais difícil do que o dos homens. Nem significa que a sociedade tenha sempre feito o melhor para ajudá-las a carregar esse fardo; e muito menos que tenha transformado sua vida num mar de rosas. O que este trabalho pretende mostrar é que a questão tem outro lado – que, para cada desvantagem das mulheres, a sociedade lhes proporcionou um privilégio igual ou mais importante. Intelectuais de ambos os sexos raramente mencionam esses privilégios; no caso das mulheres, por que estão determinadas a enxergar opressão em todos os cantos; no caso dos homens, por que as colegas do sexo feminino os fazem sentir-se culpados. No entanto, sem esses privilégios, grande parte da vida social se torna incompreensível.
Ao embarcar neste projeto, minha primeira grande preocupação era que a tarefa de encontrar provas dos privilégios femininos fosse tão difícil quanto extrair alguns gramas de ouro de toneladas de rochas. No entanto, meus medos se mostraram infundados. Logo ficou claro que a dificuldade não estaria na falta de provas, mas em seu quase inacreditável excesso. Teria sido necessária a vida de uma centena de Matusaléns para juntar, peneirar, indexar, avaliar, sintetizar, organizar e escrever todo esse material – sem falar na resposta para cada objeção que poderia ser levantada. Porém, eu estava sozinho e não queria que o público esperasse 96.900 anos. Assim posso apenas pedir a indulgência dos leitores por ter empreendido a tarefa. E esperar que as muitas lacunas que sobraram sejam preenchidas em breve por pessoas mais qualificadas do que eu.
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Sr. X: o livro escancara o preconceito que os homens sofreram e ainda sofrem em todos os tempos, em todas as sociedades, em todos os aspectos da vida.
Em todas as sociedades, desde as mais tribais, as mais primitivas, até as mais desenvolvidas, o homem sofre discriminação e preconceito. Até mesmo em sociedades ultra-machistas!
Somos discriminados desde a infância, seja em casa, seja entre os amigos, seja na escola. Na adolescência, a discriminação continua.
Na vida adulta, sofremos discriminação se estamos solteiros. Como casados, somos discriminados em relação ao tratamento concedido pela sociedade a nós e à esposa. Somos discriminados no momento do divórcio.
Somos discriminados no mercado de trabalho. Seja quando estamos tentando nos inserir, seja quando já estamos inseridos.
Somos discriminados pelo sistema de saúde. E a discriminação passa de todos os limites em momentos de guerra.
Até os alfas sofrem discriminação, e a discriminação que eles sofrem é especialmente dura, o que não diminui a discriminação do beta.
O livro é grande, mais de 400 páginas, mas eu recomendo a leitura atenta!
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Sr. X: o livro escancara o preconceito que os homens sofreram e ainda sofrem em todos os tempos, em todas as sociedades, em todos os aspectos da vida.
Em todas as sociedades, desde as mais tribais, as mais primitivas, até as mais desenvolvidas, o homem sofre discriminação e preconceito. Até mesmo em sociedades ultra-machistas!
Somos discriminados desde a infância, seja em casa, seja entre os amigos, seja na escola. Na adolescência, a discriminação continua.
Na vida adulta, sofremos discriminação se estamos solteiros. Como casados, somos discriminados em relação ao tratamento concedido pela sociedade a nós e à esposa. Somos discriminados no momento do divórcio.
Somos discriminados no mercado de trabalho. Seja quando estamos tentando nos inserir, seja quando já estamos inseridos.
Somos discriminados pelo sistema de saúde. E a discriminação passa de todos os limites em momentos de guerra.
Até os alfas sofrem discriminação, e a discriminação que eles sofrem é especialmente dura, o que não diminui a discriminação do beta.
O livro é grande, mais de 400 páginas, mas eu recomendo a leitura atenta!
Ao ler um material detalhado sobre a proteção no trabalho, o que notei é que sempre o autor e todas as leis no tempo mostraram-se preocupados com a dureza, excesso de jornada, penosidade e a proteção da mulher.
ResponderExcluirNesse compasso, finalizava um período histórico com a afirmação que somente em tal ano a mulher não mais precisou e assim por diante. Como até meados do século passado quase todos os trabalhos eram pesados, essas normas protetoras proibiam o trabalho da mulher.
Com isso, foram sendo excluídas do mercado. É fato. Mas excluídas pelos protetores das mulheres, pelos embriões dos movimentos que as protegiam, naqueles muitos séculos passados época sem rótulos identificadores.
Visto que o mundo ficou mais fácil, foi modernizado, o que fizeram? Disseram à sociedade que o gênero masculino as opimiam. O homem levou toda a culpa. Esclareça-se que as mulheres não têm culpa, a culpa é de quem propagou tudo sob enfoque diverso do que efetivamente ocorreu (normas protetivas que, hoje, são vistas como machistas e meramente excludentes da mulher, embora naquele momento vieram justamente a pedido dos quais atuavam em defesa delas,para as proteger de serviço extremamente pesados - ano 1800, 1900).
Para a sociedade, a verdade (infelizmente) é aquela que é contada, não a que ralmente ocorre. O mesmo fato se reproduz com as guerras de hoje, arrumam uma desculpa qualquer para invadir um país com governo hostil, em seguida colocam um ditador aliado lá como governante. E todos esquecem e tudo está certo.
Saudações Masculinistas - MDI
Não sou machista nem feminista... mas concordo com muitas coisas e se antes a mulher era oprimida em alguns coisas, a muito tempo com o movimento feminista isso acabou faz tempo,nao tem mais pq ter movimento deste tipo... muitas vezes a mulher tem privilégios em várias situações da vida em relação ao homen e isso é claro...
ResponderExcluirBLOGGER-A INVENÇÃO DA SOCIEDADE HUMANA PELA MULHER
ResponderExcluir“INÍCIO DA SOCIEDADE: MARCADA COMO UMA ‘PRIMEIRA REVOLUÇÃO’, A CONSTRUÇÃO DE ABRIGOS E A CONSTITUIÇÃO DAS FAMÍLIAS DETERMINAM O FIM DO NOMADISMO. A LINGUAGEM TOMA CARACTERÍSTICAS TRIBAIS E ESTA FOI UMA ÉPOCA DE RELATIVA FELICIDADE, COM O APARECIMENTO DO AMOR. OS MALES SURGENTES SERÃO A VAIDADE E A COMPARAÇÃO.” JEAN JACQUES ROUSSEAU – DISCURSO SOBRE AS ORIGENS E OS F
Quando a mulher percebeu que deveria prever uma sua mudança na sua participação na divisão do trabalho social incluindo o papel de mãe aí sim colocou em risco a sobrevivência da espécie humana pela primeira vez em toda a existência do gênero humano.
Sem a mãe e dona-de-casa o macho não teria tempo para inventar tudo que a tecnologia hoje oferece para a sociedade.
Não sei como será no futuro, mas parece que Karl Marx tinha razão: mesmo que você pagasse o mesmo salário para o médico e para o gari, ainda assim teríamos médicos e garis, mas a sociedade teria que para isso aprender a rever o status social dos garis e dos médicos.
Para mim acontece isso com relação ao papel social atual da mulher: elas apenas querem ser valorizadas em seus papéis de mães e de esposas, nada mais, por que o mundo do trabalho não é nada glamuroso, a não ser para os chefes e empresários e para algumas profissões bem vistas, e isso vai ser percebido pelas mulheres que trabalham fora, mas, tarde demais e então o prejuízo estará feito e será difícil voltar atrás aos papéis sociais anteriores à revolução feministas, como algumas sub-trabalhadoras operárias já descobriram dolorosamente.
A mulher domou e domesticou as plantas, os animais o macho, civilizando-o e educando-o tornando o macho o ser humano que hoje é através da criação da religião, do culto aos mortos, da moral e da Ética. A mulher criou a civilização humana.