Isto vem do fato de que as mesmas são incapazes de ter um interesse puramente objetivo seja pelo que for, e o motivo para isto é, creio eu, o seguinte:
O homem se esforça, em todas as coisas, para dominar diretamente: ou pela inteligência ou pela força.
A mulher, pelo contrário, sempre se vê em toda a parte relegada a um domínio absolutamente indireto, que é conseguido através do homem, sendo este consequentemente a única coisa que ela precisa dominar diretamente.
Aí reside a natureza da mulher que a leva a procurar em todas as coisas um meio de conquistar o homem, e o interesse que parece tomar pelas coisas exteriores é sempre um fingimento, um subterfúgio, isto é, pura garridice e pura macaqueação.
Disse-o Rousseau: "As mulheres, em geral, não apreciam arte alguma, não entendem nenhuma e não têm nenhum talento."
Aqueles que não se detêm nas aparências já certamente o notaram. Basta observar, por exemplo, o que as ocupa e lhes atrai a atenção num concerto, na ópera ou na comédia, notar a sem-cerimônia com que, nas mais belas passagens das maiores obras-primas, continuam a sua tagarelice.
Se é verdade que os gregos não admitiam as mulheres nos espetáculos, tinham muita razão; nos seus teatros podia-se, pelo menos, ouvir alguma coisa.
(...)
Mas nada de diferente pode ser esperado por parte das mulheres se refletirmos que a mais eminente deste sexo nunca produziu nada nas belas artes que fosse realmente digno de nota, genuíno e original, ou dado ao mundo qualquer tipo de obra de permanente valor.
Isto é surpreendente com relação à pintura, onde elas são tão aptas como nós para aprender o lado técnico, e cultivam assiduamente esta arte, entretanto, sem se poderem honrar de uma única obra-prima, pela simples razão que lhes falta justamente essa objetividade de espírito que é precisamente o que se faz tão necessário diretamente na arte da pintura, ou seja: elas não podem sair de si mesmas.
Elas sempre se concentram naquilo que é subjetivo. Por esta razão, mulheres comuns não tem qualquer sensibilidade para a pintura: porque a natureza não dá saltos (Natura non facit saltum).
Huarte, na sua célebre obra Examen de ingenios para las ciencias, que data de trezentos anos, recusa às mulheres toda a capacidade superior.
Exceções isoladas e parciais não alteram este estado de coisas; as mulheres são, e continuarão a ser, tomadas em conjunto, as mais completas e incuráveis filistéias (ver notas, logo abaixo); e graças à nossa organização social, absurda em último grau, que as faz partilhar a posição e título dos seus esposos, elas são um estímulo constante para suas ambições desonradas.
E ademais, é por elas serem filistéias que a sociedade moderna, à qual impõem seu tom e influenciam, se tornou corrupta.
Quanto às suas posições, dever-se-ia tomar como regra esta sentença de Napoleão I: 'As mulheres não têm categoria'. Chamfort diz também com muito acerto: 'São feitas para negociarem com as nossas fraquezas, com a nossa loucura, mas não com a nossa razão. Há entre elas e os homens simpatias de epiderme, e muito poucas simpatias de espírito, de alma e de caráter'.
As mulheres são o sexus sequior, o segundo sexo em todos os aspectos, por isso suas fraquezas devem ser poupadas, mas tratar mulheres com extrema reverência é ridículo, e nos rebaixa diante dos seus próprios olhos. Quando a natureza dividiu a raça humana em duas partes, ela não cortou exatamente ao meio!
A diferença entre os pólos positivos e negativos, de acordo com a polaridade, não é meramente qualitativa mas também quantitativa. Foi certamente o que sempre pensaram os antigos e os povos do Oriente; compreendiam melhor o papel que convém às mulheres, do que nós fazemos com nossa galantaria à antiga moda francesa e a nossa estúpida veneração, que é na verdade a mais completa expansão da tolice germano-cristã.
Essas idéias só serviram para as tornar arrogantes e impertinentes, à uma extensão que por vezes me fazem pensar dos macacos sagrados de Benarès, que têm tanta consciência da sua dignidade sacrossanta e da sua inviolabilidade, que julgam que tudo lhes é permitido.
(...)
O que torna as mulheres particularmente aptas para cuidar, para dirigir a nossa primeira infância, é o fato delas mesmas se conservarem pueris, frívolas e de inteligência acanhada; conservam-se toda a vida umas crianças grandes, uma espécie de estágio intermediário entre a criança e o homem. Observe uma jovem brincando um dia inteiro com uma criança, dançando e cantando com ela, e imagine-se o que um homem com a melhor das vontades, poderia fazer em seu lugar.
(...)
O defeito fundamental do caráter feminino é uma carência de senso de justiça.
Ele se origina em primeiro lugar na falta de racionalidade e de reflexão, mas sustenta-se também no fato de que, na qualidade de sexo frágil, elas foram dirigidas pela natureza não para a força, mas para a astúcia: é daí que provém a sagacidade própria de seu instinto e sua incontida propensão às mentiras: assim como a natureza equipou os leões com garras e dentes, os elefantes com presas, os javalis com colmilhos, os touros com chifres e a sépia com a tinta que turva a água, também proveu a mulher com a arte da dissimulação, para sua proteção e defesa; e toda a força que ela conferiu ao homem na forma de vigor físico e razão, consagrou à mulher na forma desse dom.
A dissimulação é inata na mulher, tanto na mais esperta como na mais tola. É lhe tão natural usá-la em todas as ocasiões como a um animal atacado defender-se rapidamente com as suas armas naturais; e, procedendo assim, sentem que até certo ponto estão apenas exercendo os próprios direitos, o que torna talvez impossível encontrar uma mulher absolutamente verdadeira e sincera.
Exatamente por isso elas percebem facilmente a dissimulação alheia, de forma que não é aconselhável tentar usá-la perante elas.
Desse defeito fundamental e das suas conseqüências nascem a falsidade, a infidelidade, a traição, a ingratidão, etc. Também as mulheres juram falso perante a justiça bem mais frequentemente que os homens.
É questionável se elas deveriam ser admitidas a prestar juramentos.
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Notas:
A palavra filisteu, no sentido não histórico, refere-se à pessoa deficiente na cultura das Artes liberais, um oponente intolerante do boêmio, quem exibe um código moral restritivo, desapreciador das ideias artísticas.
A partir do século XIX, na Europa, a palavra "filisteu" passou a designar pessoas de comportamento acovardado, que têm ojeriza por questões políticas maiores, não valorizam a arte, a beleza ou o conteúdo intelectual e satisfazem-se com o cotidiano da vida privada pacata e confortável. O filisteu não seria adepto de ideais, mas apenas de propostas práticas passíveis de serem contabilizadas em melhorias para sua vida privada imediata. "Filisteu da cultura" é um conceito criado pela intelligentsia alemã do séc. XIX e recebeu análise filosófica de Nietzche em Primeira Consideração Intempestiva.
Filistinismo é uma expressão depreciativa usada para descrever uma atitude particular ou conjunto de valores. Uma pessoa chamada de filistéia (de maneira relevante) é apontada como alguém que despreza ou desvaloriza a arte, beleza, os conteúdos intelectuais, ou valores espirituais. Filisteus também são tidos como materialistas, e favorecem valores sociais convencionais sem pensar, assim como formas de arte que tem um fácil e baixo apelo (por exemplo: kitsch *)
* Termo de origem alemã usado para categorizar objetos de valor estético distorcidos e/ou exagerados, que são considerados inferiores à sua cópia existente. São freqüentemente associados à predileção do gosto mediano e pela pretensão de, fazendo uso de estereótipos e chavões que não são autênticos, tomar para si valores de uma tradição cultural privilegiada.
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